Um fadista...
Um amigo...
Uma voz que nos espanta de tanto talento e emoção... Uma voz que dá cor aos sentidos...
Um "grito" que desperta as nossas vidas...

BRAVO GONÇALO SALGUEIRO!



sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Um presente muito especial...


Este é o meu presente de Natal, para si Gonçalo...
Dentro deste presente está a minha amizade e admiração! Está o desejo de um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de alegria, saúde, sorrisos, sucessos e muita paz...

E, para todos que visitam este pequeno cantinho do nosso Gonçalo Salgueiro,

Sintam os pequenos momentos. Os abraços, os beijos, os suspiros, os sorrisos, as birras, as pazes… Feliz Natal a todos e uma vida cheia de pequenos momentos!!!

Não se esqueçam que a musica é uma excelente forma de fazer passar uma mensagem, quando queremos recordar, realçar ou demonstrar um sentimento, por isso ouçam muito esta voz com alma...

FELIZ NATAL!!!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ida ao Politiama...



No dia 9 de Dezembro, um grupo de amigas e fãs do nosso querido Gonçalo Salgueiro foi rumo a Lisboa ver, mais uma vez, o musical Jesus Cristo Superstar... Sem dúvida, o melhor musical de sempre... E, mais uma vez, foram surpreendidas pela qualidade das actuações!
Arrasaram meninas!!! Politiama jamais vos esquecerá...

Estiveram no seu melhor e deram nas vistas, posso até dizer que já têm fãs espalhados por esse país fora! Do palco já só faltava acenarem para este grupo fantástico de admiradoras! Pena foi não ter lá estado o Nosso Jesus Gonçalo Salgueiro! Mas a actuação de David Ventura foi fantástica.
Como fãs do Gonçalo, esperemos que rapidamente regresse ao palco para alegrar as nossas vidas!!!
Desta vez não pude partilhar da boa disposição de pessoas fantásticas como a Candida, a Raquel, a Dina e a Susana...(muitas histórias terão para contar! Uma viagem de regresso num comboio cheio de surpresas!)... mas na próxima ida ao Politiama lá estarei!
Sr. Lá Féria, traga Jesus novamente para o Porto! Agora ele também é um bocadinho nosso!

Ni


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Podes ser Rei...


Alguém disse um dia

Que a neve cai a brilhar,

O sol ficou tão triste

Que me tentou consolar!


Deu-me um sorriso tão belo,

Deu-me alguém lindo a cantar.

Agora a neve não brilha

Mais que uma Superstar!


Saber que podes ser Rei,

Em teu palácio feliz.

E ser eu uma princesa

Que sente tudo o que diz!


És um manto de saudade,

És nascente em teu olhar!

Com tanto talento eu grito

O grito do teu cantar!


NI

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Entrevista à revista Caras (Junho 2007)



Um pouco atrasada, mas é sempre mais uma entrevista com o nosso querido Gonçalo...

“A Carreira ainda é curta mas Gonçalo Salgueiro tem dado cartas como actor em diversos musicais e sobretudo como fadista. Com dois álbuns s solo editados, é considerado uma das melhores vozes do fado. O terceiro disco está na forja, mas para já concentra-se no papel de Jesus Cristo que interpreta no musical de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber agora adoptado por Filipe La Féria.

- Como foi o trabalho de preparação para esta peça?

GS – Intensivo, um verdadeiro tratamento de choque, mas tenho sido muito ajudado. Confesso que estou assustado, porque é um papel emotivo, muito exigente vocalmente e também fisicamente. A primeira vez que o ensaie não parei de soluçar. O teatro ocupa 24 horas na vida de uma pessoa, é extremamente absorvente. O Porto merece u espectáculo em grande como este.

- O encenador Filipe La Féria tem o mau feitio que se diz?

GS – Todos os encenadores cultivam o seu lado de loucura. Ele tem os seus rasgos de génio. É uma pessoa preocupada, calma, com uma paciência extraordinária. É muito bom trabalhar num ambiente de paz e serenidade.

- Os espectáculos teatrais não lhe tiram tempo para investir mais na carreira de cantor?

GS – Preparava-me para gravar outro disco, já está preparadíssimo, mas são opções. Eu gosto de palcos, quanto maior for o espaço mais íntimo o sinto.

Neste caso foi mesmo a opção de voltar a representar. Este trabalho é um desafio e permite-me aliar à música todas as outras artes que também me encantam. Vão ver um bom Jesus português.

- Apesar da carreira recente, o sucesso surgiu logo. Foi fácil chegar até aqui?

GS – As coisas não surgiram com facilidade, foram surgindo. Costumo dizer que sou um bafejado pela sorte, porque estou em casa e de repente telefonam-me. Devo ter um bom anjo-da-guarda que se lembra de mim. As coisas têm vindo ter comigo e têm acontecido numa sucessão de acasos. Um dia fui a uma casa de fados em Alfama e pediram-me para cantar um fado, acabei por cantar três. Depois integrar o elenco do musical Amália foi para mim uma honra. Aprendi muito do que é estar num palco e do trabalho árduo que é cantar todos os dias. Foi o que me lançou em termos artísticos, porque até aí não me levava muito a sério. Depois gravei o primeiro álbum.

- Já se leva a sério?

GS – Levo-me a sério como pessoa. Não tenho ambições de ser conhecido, famoso e rico. Quero ser feliz, ter saúde, paz e amor. Não vejo a vida artística como meio para chegar a lado nenhum, é o meu trabalho. Interessa-me tocar as pessoas, chegar ao coração de alguém, é aquilo de que preciso na arte.

- Associamos o fado e a vida dos fadistas à boémia e a um certo ar de marialva...

GS – Não sou nem quero ser. Nem gosto. Eu canto a Lágrima como a Amália escreveu, porque não tenho medo de cantar no feminino, isso é uma mariquice das virilidades que já não se usam. Um homem que é homem não tem medo de cantar um poema no feminino.


- Tragédia, solidão, tristeza são estados de espírito associados ao fado. È um solitário?

GS – Sou extremamente bem disposto, mas triste. Para mim a palavra “triste” não é negativa, caracteriza pessoas que talvez prestem mais atenção ao mundo e aos outros. A tristeza torna-nos mais sensíveis. Claro que me identifico com esses sentimentos que se referia. A tragédia, o drama, a solidão, o amor ou a ausência dele, a paixão, o amor correspondido ou não, a alegria, a maternidade, a amizade... O fado pode cantar tudo. Nós temos uma forma de expressão musical única no mundo que toca todos, mesmo que não percebam aquilo que estamos a dizer, são sentimentos únicos e universais. Todos sabem o que é a tristeza, o amor, o ódio, a vingança, a saudade.

- Falou das fases amorosas cantadas pelo fado, enamoramento, ausência de amor, paixão. Em qual delas se encontra?

GS – (risos) Estou muito feliz ...

- Ainda hoje cura os desgostos amorosos com o fado?

GS – (risos) Claro! Mas estou muito feliz, não tenho tido desgostos amorosos.”


Revista Caras

Paulo Castro Carvalho



quinta-feira, 22 de novembro de 2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Mais magia no palco...Estoril emocionou-se!

Mais uma experiência única, desta vez vivida pela minha amiga Raquel que tão bem descreve aqui tudo o que sentiu... Desta vez foi no Casino Estoril. Na próxima vai ter que ser no Porto...
Deliciem-se com estas imagens e palavras... Beijinhos Raquel e obrigada pelo teu testemunho!















"A noite começou com um espectáculo belíssimo de um novo projecto intitulado Sons do Tejo. Este grupo foi recebido com palmas entusiastas a cada música, mas o melhor da noite ainda estava para vir…

Na segunda parte, Carlos Cruz, o apresentador da noite, anuncia que a voz que se segue é uma voz particularmente especial que iria tocar-nos de certeza, pois ele próprio havia ficado impressionado na semana anterior no Casino da Figueira quando o ouviu pela primeira vez.
Entra então o “nosso” Gonçalo com uma postura que muito me fez lembrar a personagem de Jesus a descer do céu na sua plataforma. Começa, como não poderia deixar de ser, com o “Grito” de Amália Rodrigues, que como ele próprio diz, tanto o caracteriza, e o qual não pode deixar de cantar onde quer que vá. E compreendeu-se porquê… Um fado com uma tristeza, uma carga emocional, um sentimento imenso, que o Gonçalo transmitiu a cada nota!
Logo no final deste seu primeiro fado foi aplaudido com gritos e bravos vindos de todos os cantos da plateia. Deu logo ali para ver que a noite iria ser de uma beleza e intimidade sem tamanho!
Seguiram-se vários outros fados “Olhei para ti e morri”, “Meia-noite e uma guitarra”, “Ai Maria”, “Carências de ti”. Ouvimos assim, fados mais tristes, cantados com uma alma e com uma serenidade desarmante a cada palavra, assim como fados mais alegres nos quais mostrou uma energia arrebatadora e inebriante que contagiou o público (dos quais realço “A Tendinhas”, um dos meus momentos preferidos da noite!).
Entre um e outro fado ia cumprimentando amigos, conhecidos e familiares enviando beijos e agradecendo a sua presença. No público encontrava-se Maria da Fé e Alexandra entre outros fadistas seus amigos, a quem teceu um agradecimento especial pelo seu apoio na sua carreira. No meio destes sorrisos devo confessar que um deles a mim foi dirigido, com um beijo enviado do palco...foi para mim uma surpresa, claro!
Terminou o seu espectáculo com o “Canto o fado”, convidando o público a juntar-se a ele no refrão, um momento fascinante de pura magia! Foi então aplaudido de pé, ouvindo-se do meio da plateia “só mais uma”…eu diria melhor: “só mais muitas, por favor…!”.
Passou então a uma entrevista feita por Carlos Cruz, num ambiente criado com dois sofás e uma mesinha, como que uma pequena sala de estar. Foi uma entrevista muito descontraída e informal e ao mesmo tempo muito divertida. Falou desde o início da sua carreira nas casas de fado, enquanto ainda estudava, da edição dos seus CDs, da sua passagem pelo musical “Amália”, pelo Casino Estoril na peça “Egoista”, chegando claro ao “Jesus Cristo Superstar”.
Aquando da conversa sobre o desempenho no musical “Amália” e sobre o dueto que fez com Alexandra, palavra puxa palavra e, de repente, Alexandra sobe ao palco e viveu-se um momento único: “Ai mourrir pour toi” cantado pelos dois de improviso. Como dizia Gonçalo Salgueiro em tom de brincadeira “olhe que isto não fazia parte do caché…”, ao que Carlos Cruz responde “la fora preparem-se para pagar mais x cada um”.
Falando de JCS, do prazer lhe dava fazer esta personagem e o quanto estava cansado por causa dos ensaios tardios, mencionou que estavam lá pessoas do Porto que já tinham visto o musical e sabiam o quanto ele era desgastante ao nível físico e vocal. Então agradeceu às pessoas que tinham ido especialmente do Porto para o ver, foi um gesto bonito que eu, pessoalmente, apreciei imenso!
No final, cantou a “lágrima” a pedido de Carlos Cruz, pois várias pessoas lho tinham pedido. Ele chegou mesmo a dizer que pela forma como o tinha feito na Figueira, tinha a obrigação de o voltar a cantar naquela noite.

E foi realmente, não o momento alto da noite, porque foram todos, mas o mais eloquente de certeza, em que o Gonçalo se emociona especialmente.
Para tentar descrever aquilo que senti ao assistir a este espectáculo, só consigo dizer que foi o momento mais bonito que alguma vez vivi. Eu já esperava um excelente serão por aquilo que havia sentido no JCS e ao conhecer os seus CDs e vídeos de trás para a frente…mas ultrapassou qualquer expectativa que eu poderia ter.
Compreendo agora o amor que ele tem ao fado e as saudades que dele sente enquanto faz o JCS, pois é aqui que ele realmente se perde e se reencontra, se exprime, se liberta, se dá completamente sem quaisquer reservas. Conter as emoções, as lágrimas, foi uma missão impossível…a generosidade e a emoção do seu canto contagiaram o público de uma maneira especial. Aquele espectáculo tornou-se de tal maneira intimista que chegava a parecer que estava a cantar para cada um de nós, como se nos transportasse ao colo, tal era o carinho que nos era transmitido...
No final, quando as pessoas começaram a dispersar, e como prometido, esperei para tentar falar com ele. Esperamos e ele apareceu, e após cumprimentar alguns familiares e amigos aproximou-se de nós e agradeceu a nossa presença e o nosso carinho. Mas quem tem de agradecer somos nós Gonçalo….
Falou do cansaço dos ensaios no Politeama, mas também de como se está a tornar num espectáculo ainda mais estrondoso que no Rivoli. Teve ainda paciência para autografar os nossos CDs e tirar fotos de recordação, coitado, só ele para nos aturar… Falei-lhe do blogue, do grupo e entreguei as respectivas mensagens. Ele respondeu a tudo com toda a sua humildade, simpatia e generosidade. Um ser único realmente, e um momento único que não vou esquecer nunca!
Só consigo rematar dizendo que sempre que puder não vou perder a oportunidade de repetir uma noite mágica como esta. É bom demais para não ser vivido de novo, é uma série de emoções e sentimentos, enquanto somos transportados para um mundo à parte, o mundo do Gonçalo…só é pena acabar tão rápido! Espero poder repetir em breve, nem que seja no Algarve!

Beijos Gonçalo, para si não há palavras, só muito carinho e admiração!"

Raquel


sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Agora em Lisboa


Jesus Cristo Superstar






Após o grande êxito alcançado na cidade do Porto de «Jesus Cristo Superstar» tendo atingindo os cem mil espectadores numa temporada de quatro meses, Filipe La Féria irá estrear em Lisboa no próximo dia 24 de Novembro a célebre opera-rock que foi considerada pela crítica como «o seu melhor espectáculo».

«Jesus Cristo Superstar» é uma nova e surpreendente versão de La Féria do musical de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, tendo os empresários britânicos dos autores classificado como «a mais moderna e contemporânea encenação de Jesus Cristo Superstar, de uma força, originalidade e beleza plástica que supera todas as antigas versões da mais famosa opera-rock de todos os tempos».(...)



segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Onze fados com Alma...

No passado dia 10 de Novembro, Maria C. teve a oportunidade de ver ao vivo o nosso querido fadista e amigo Gonçalo Salgueiro no Casino da Figueira da Foz. Infelizmente eu não tive essa sorte, no entanto pedi-lhe que registasse tudo na sua memória e que escrevesse um breve resumo sobre o que viu e sentiu... Maria esteve lá de corpo e alma...

Obrigada Amiga

"Depois de ver e ouvir Gonçalo Salgueiro a dar corpo, voz e Alma a essa figura incontornável da nossa História que foi e é Jesus Cristo, a expectativa para este primeiro encontro ao vivo com os seus fados, era enorme.

Durante a viagem o CD No Tempo das Cerejas e Segue a Minha Voz, ouvidos insistentemente, aumentavam a curiosidade e aguçavam o desejo de voltar a ver e a ouvir aquela que para mim é simplesmente A VOZ.

Não fosse a companhia de um querido amigo de longa data, amante de fado, e a espera pela sua entrada em palco teria sido muito mais difícil de suportar.

Mas o momento chegou por fim, e sob uma chuva calorosa de palmas, Gonçalo entrou em palco para encantar de novo. Sem nunca silenciar a sala, porque o publico fez questão de o acompanhar em alguns dos onze temas que escolheu para aquela noite de reencontro com o fado, após a sua despedida do Rivoli no Porto.

O Grito”, de Carlos Gonçalves e Amália Rodrigues foi o primeiro fado a encher o Casino, interpretado uma vez mais com uma sentimentalidade tal, que não poderia ter tido outra resposta senão uma ovação de Bravos e o som das ruidosas palmas do público.

Gonçalo Salgueiro entrava igual a si próprio; emocionado, emocionante, intenso na interpretação e com aquela voz de sempre que leva ao arrepio.

Seguiu-se Meia Noite e Uma Guitarra de Vasco de Lima Couto, Fado da Defesa que com Gonçalo Salgueiro adquire uma beleza transcendente, para logo de seguida entrar no folclore tradicional com Malmequer, que o público acompanhou juntando a sua à voz do fadista.

Disse-te Adeus e Morri e Ai Maria, os dois de Carlos Gonçalves e Amália Rodrigues, antecederam o Fado que Gonçalo Salgueiro guardou para encerrar uma noite de magia.

Os primeiros acordes da guitarra fizeram-me sentir que só mesmo uma Lágrima poderia expressar tão bem o sentimento de tristeza por a noite estar tão próxima do fim.

Lágrima não é apenas o fado preferido de Gonçalo Salgueiro, como o próprio revelou à audiência, mas é também o meu e o de muitos dos presentes, a avaliar pela forma emocionada com que escutaram mais uma interpretação tão sentida do poema de Amália.

As palmas não deixaram a actuação acabar por ali, e o tradicional Cheira a Lisboa trouxe de novo o fadista ao palco.

Mas apenas por pouco tempo, porque a simpatia e disponibilidade tão típica de Gonçalo Salgueiro fizeram-no descer até junto do público para cumprimentar amigos e admiradores.

As palavras de carinho e amizade que trocou comigo foram o momento alto da minha deslocação ao Casino da Figueira.

Mas essas ficam comigo guardadas como uma relíquia, ou não tivesse sido esse o meu momento mágico...

No regresso ao Porto e a escutar de novo o ultimo CD de Gonçalo, percebi que o nome que escolheu para ele não poderia ter sido outro senão aquele.

Porque Segue A Minha Voz já não é apenas uma sugestão ou um convite.

É um compromisso sentido e assumido de quem ouve e se rende por completo à voz e ao encanto de quem assim canta."


MariaC.

sábado, 10 de novembro de 2007

Entrevista à revista Boa Estrela (edição de Novembro)

Gonçalo Salgueiro fala, mais uma vez, da magia da personagem Jesus Cristo e da magia do fado na sua vida... uma ligada à outra... por isso há sempre magia no palco!



(clicar nas imagens para ver em tamanho ampliado)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Ontem foi assim!!! A última actuação cá no Porto...




Foi simplesmente fantástico! Bravo! Bravo! Bravo!



Estiveram todos divinais, excederam-se na representação (todos os dias de actuação isto aconteceu! Mas ontem!).

Gonçalo Salgueiro emocionou o mundo e vai continuar a emocionar!
Tem asas para voar bem alto; olhos para ver a vida e braços bem abertos para nos abraçar...

"Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?!..."
Florbela Espanca

Vão deixar saudades! Mas, estaremos em Lisboa sem dó nem piedade! Porque nós somos assim, quem nos cativa será cativado... para sempre!

Obrigado Sr. Lá Féria!






sábado, 3 de novembro de 2007

Gonçalo Salgueiro e o Porto


Porto de A a Z















Aa

Almeida Garret, poeta

que me é muito querido

e que canto!


Bb

Bolhão parte da alma

da cidade


Cc

Chá no Guarany antes

do espectáculo Jesus

Cristo Superstar


Dd

Douro, um privilégio



Ee
Espectáculo, foi uma honra
e
estrear Jesus Cristo Superstar no Porto


Ff

Fado, que é muito amado no Porto


Gg

Gaivotas, que sempre estão presentes

dando um som característico à cidade


Hh

Hospitalidade, não há como no Porto.

Obrigado!!


Ii

Igrejas, imensas e todas muito bonitas


Jj

Jóias, da Elvira Perafita, não há melhor


Ll

Lello, perco-me lá dentro


Mm

Moda, Porto uma cidade de grandes

Criadores como Miguel Vieira


Nn

Nicolau Nasoni, que belo legado à cidade


Oo

Orgulho, do seu povo em ser português


Pp

Pontes – que nos proporcionam uma

maravilhosa vista


Qq

Quero voltar muitas vezes


Rr

Rivoli, a minha casa portuense


Ss

Saudades, que o Porto deixa

sempre a quem o visita


Tt

Toda a zona Ribeirinha e a Foz


Uu

Uva que nos dá esse vinho tão

apreciado no Mundo inteiro


Vv

Vozes, grandes vozes que aqui nasceram

como as minhas queridas Beatriz da Conceição

e Maria da Fé


Xx

Xícara, que me ofereceram no Majestic, esse

belo ex-libris da cidade


Zz

Zéfiros – que nos fazem apaixonar pela cidade

e pelas suas gentes


Revista PORTO Sempre

Outubro de 2007

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Um CD para ter em casa...



Gonçalo Salgueiro - Segue a Minha VoZ (2006)

"Estamos, e havemos de concordar, numa época em que o Fado goza - aparentemente - de boa saúde. Surgem constantemente caras novas, discos novos , novas vozes... Mas, como em muitos outros aspectos da vida artística nacional, o fado incorre num iminente processo de uniformização. As tão apregoadas novas vozes não se diferenciam de outras vozes já existentes. O Fado parece estar de boa saúde mas não tanto. Tem faltado originalidade, novidade e vozes que realmente se diferenciem.

Mas felizmente, há sempre quem esteja atento, quem olhe para o Fado pelos olhos de mais ninguém que não os seus, há sempre quem queira romper com estereótipos preservando aquilo que de mais sagrado o Fado encerra: a música, a poesia e o sentimento.

Segue a minha voz é, inquestionavelmente, um oásis onde os ouvidos - e a alma - podem escutar uma voz singular e repleta de uma renovada energia, bem demarcada e distante das vozes que actualmente proliferam no Fado. É impressionante o cunho sentimental que Gonçalo imprime nos seus Fados, força gravitacional que atrai o arrepio, a emoção e, porque não?, o sonho.

Deste seu segundo álbum destacam-se duas letras escritas por Amália Rodrigues - Canta Coração e Faz-me Pena; do cancioneiro medieval, numa adaptação de Natália Correia e Pedro Sena-Lino, Lá Vão as Flores. Gaivota Perdida, Meu Fado, Meu Doce Amigo e Leva-me Longe são entre outros, temas que se devem escutar com atenção.

Gonçalo Salgueiro trouxe novidade e encantamento ao Fado, trouxe-lhe carinho, honestidade e verdade e é sem dúvida dono de uma das melhores e maiores vozes do Fado... seja do Novo, seja do Antigo."

José Daniel Ferreira

Portal do Fado


Entrevista com Gonçalo salgueiro sobre o seu álbum "Segue a minha voz" retirada do jornal Audiência

"Gonçalo Salgueiro apresenta "Segue a minha voz". Um novo trabalho inspirado pelos compositores e poetas portugueses. Fado tradicional de uma voz que nasceu com Filipe La Féria no musical "Amália". Florbela Espanca, Ary dos Santos ou David Mourão Ferreira são cantados por um dos novos fadistas no mercado. Um timbre de voz diferente para uma postura ousada...

Audiência - Como é que surgiu a oportunidade de gravar este "Segue a minha voz"?

Gonçalo Salgueiro - O álbum "Segue a minha voz" surge de uma combinação de vontades, de momentos, de disponibilidades! A Maria de Lurdes de Carvalho e o Fernando Abrantes encarregaram-se de criar as condições necessárias para a sua criação bem como foram a sua força motriz, sobretudo no apoio e motivação que me deram… eles são os responsáveis pela existência deste álbum. na mesma altura proporcionou-se trabalhar com o Jorge Fernando, algo que sempre quis fazer, e que se encontrava disponível para me ajudar a criar este álbum, e… com esta equipa de sensibilidades e saberes… é fácil criar…!

A - Como é que defines este álbum?

GS - Como o próprio título sugere, é um passeio "por mim", pela minha forma de estar como homem, como artista, um acto muito pessoal de entrega ao fado, ao público que me acarinha e me levou a gravar todos estes temas, temas em que se encontram pedaços daquilo que sou e sinto… e é ao mesmo tempo um convite, aos que ainda não me conhecem e que como eu partilham o gosto pela música e pela poesia, e aos que me conhecem... que continuem a acompanhar- me neste meu percurso!

A - A grande referência do Gonçalo Salgueiro é a Amália?

GS - Para mim Amália e fado são sinónimos, já o afirmei muitas vezes, e se canto o fado foi porque me apaixonei por ela, pela sua alma, pelo seu enorme talento e carisma , pela humildade com que se manteve sempre fiel a si mesma, ao seu público e ao seu país! ela apropriou-se do fado e mostrou-o ao mundo, foi fonte de inspiração de tantos e tão grandes artistas (uma Diva… pena que este termo hoje esteja tão abandalhado… e mal empregue) , e daí que não é de admirar que seja também a minha grande referência! Pena tenho de nunca ter tido a coragem de lhe dizer pessoalmente o quanto a respeito e admiro… enfim…!!

A - No álbum constam poemas de Florbela Espanca, Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira e Pablo Neruda. São influências ao nível da escrita?

GS - A escolha dos poemas nada teve a ver com o peso do nome dos seus autores, mas sim com o facto de me tocarem, de fazerem chorar, de me fazerem sonhar … são realmente mágicos, e só espero ter conseguido transmitir um pouco dessa energia com as minhas interpretações…

A - Sobressai ao ouvir o cd o timbre de voz. Sentes que tens uma voz diferente ou especial?

GS - É-me difícil responder a essa questão... não sei se tenho um timbre diferente ou especial… sei que tento fazer o melhor que posso com aquilo que Deus me deu…

A - Tiveste formação a nível da voz?

GS - Tal como os atletas, que todos os dias correm, a voz também deve ir aos treinos…, porém, ninguém nos ensina a cantar, ou se sabe ou não se sabe, e o cantar não é só voz tem muito mais que se lhe diga…

A - Já se percebeu que há público para o fado, mesmo para as novas tendências associadas. Mas há lugar para tantos fadistas? Sentes que o teu nome pode passar despercebido?

GS - Nunca deixou de haver público para o fado… não vai deixar de haver, o fado está nos nossos genes, é a nossa grande expressão cultural e como é óbvio haverá sempre lugar para aqueles que o fazem com verdade e entrega. Quanto a mim, desde que saiba que fiz chorar alguém... sei que tudo valeu a pena … canto por amor e não por ambição, daí que essas questões não me perturbem, mesmo nada…

A - Nunca vi um espectáculo teu mas quem já viu fala numa postura ousada. Que imagem transmites ao vivo?

GS - Hum! Postura ousada… não canto de mãos nos bolsos… e não tenho medo de me emocionar, procuro estar em sintonia com o pulsar do público, dar tudo o que tenho em todos os fados que canto… será isto ousar …?? Não sei, deixo essa questão para os entendidos…! Apenas sei que não imito ninguém e tudo o que faço é verdadeiro e com humildade.

A - Já pensas em gravar um novo álbum?

GS - Ideias tenho para mais 10 álbuns… mas gravar para já não!

Jorge Oliveira

Audiência"

sábado, 27 de outubro de 2007

É mesmo para acreditar... tirada há cerca de 2 horas! Ao frio e com nervoso miudinho...



Sem dúvida, simpatia e disponibilidade carregadas de emoção!
Depois de uma actuação, mais uma vez fantástica no musical "Jesus Cristo Super Star", o cansaço não deixou que Gonçalo se mostrasse como ele é: lindo, emocionado e cheio de vida... Bem haja Gonçalo! Agradecemos este momento de alegria e de verdadeira euforia também... Por cá te esperamos numa noite de fado, cantas e encantas com a força da tua alma!





Fantástico este tema de Pablo Neruda... Cantado por Gonçalo então é que fica fantástico! (Em Zamora)


Querer (Pablo Neruda)

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.

Para o Gonçalo...

Tamanha ousadia...

Que voz tão grande que é
com um sentir que faz bem
dá um grito, canta o fado
e com um sonho enamorado
traz na alma essa fé.

Só quero voltar a sonhar
esse poder tão esperado
de quem canta por amor
esta canção que é o fado
que em tudo me atormenta
esperança fugidia
de poder tocar um dia em tamanha ousadia.

Alguém já cantou assim
e continua hoje tão viva
a nossa Amália, que saudade!
Que de tanto amar o fado
deixou marcada em mim
uma paixão sem idade.

Nos olhos deste fadista
vejo o mar em terra firme
um caminho de talento
com um brilho muito atento
que cai de mansinho em nós
vou acordar e esperar
que um dia possa voltar
a ouvir tamanha voz...

Sónia ( a menina do principezinho!)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ninguém fica indiferente a este grito...



Grito

Silêncio!
Do silêncio faço um grito
O corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco.

De sombra a sombra
Há um Céu...tão recolhido...
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido.

Ao céu!
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás dela.

E eu,
A quem o sol esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora.

Solidão!
Que nem mesmo essa é inteira...
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura.

Ai, solidão
Quem fora escorpião
Ai! solidão
E se mordera a cabeça!

Adeus
Já fui para além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede.

Adeus,
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai, como dói
A solidão quase loucura.

(Amália)

Um dos meus preferidos...



Medo

Quem dorme à noite comigo
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo.

E cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Gritar quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim
Gostava até de matar-me,
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

(Amália)

No Tempo das Cerejas



Que estranha forma usou Deus
Em dar aos sentidos meus
Um sabor inesperado
Cerejas, recordo bem,
Dizias tu minha mãe
Ser o meu tempo chegado

Parei à beira dum rio,
Onde já não sinto frio
Nem vontade de o cruzar
Foi o tempo em que a vida
Toda ela era sentida
Sob a luz do teu olhar

Cantando fui mais além
Eu fui eu, eu sou alguém
Nos versos da minha vida
Trouxe fados nos sentidos
Lágrimas em sonhos perdidos
Numa eterna despedida

P'ra mim foi sempre assim
Tudo começa no fim
Onde quer que me vejas
Pensando partir fiquei
Presa ao tempo em que me dei
Recordando essas cerejas

(Amália)

uma vida de talento


"viva meu nome, minha voz, meu fado!"


Nasceu em Montemor-O-Novo a 7 de Novembro. Aos 17 anos veio para Lisboa cursar Relações Internacionais e estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, na área de Canto, participando no "Coral de S. Domingos", nas Obras "Da Pacem Domine" e "Mare Fatum Est". Canta pela primeira vez Fado, em público, a convite de Maria da Fé, no Restaurante "Senhor Vinho”.
Desde Abril de 2000 a Julho 2001, e a convite do encenador Filipe La Féria, entra para o Musical

"Amália", como cantor/actor, no papel de Eduardo Ricciardi. Sob a direcção do Maestro Fernando Correia Martins, participa no CD comemorativo dos 150 anos sobre o nascimento do compositor Thomaz Del-Negro. A convite de João Braga, canta na noite de homenagem a Amália Rodrigues, espectáculo transmitido, em directo, pela TVI.
Em Março de 2002 assina contrato com a editora Strauss e grava o seu primeiro álbum a solo "…No Tempo das Cerejas". Ainda em 2002, é convidado pelo músico/compositor José da Ponte a gravar "Lusitana Paixão" da telenovela com o mesmo nome para a RTP. Em Setembro, estreia-se no Salão “Preto e Prata” do Casino Estoril no musical "Egoísta" onde permanece até Fevereiro de 2004.
Em 2003 dá inicio aos preparativos dum novo álbum. Durante 2005, efectua concertos a solo e integra vários espectáculos por todo o país e estrangeiro, editando o CD em 2006.
Gonçalo Salgueiro é o protagonista de “Jesus Cristo Superstar” de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, o espectáculo de Filipe La Féria, onde interpreta o papel de Jesus Cristo.


sábado, 20 de outubro de 2007

Em entrevista ao Audiência...

“Vou ficar completamente de rastos”, confessa Pedro Bargado. “Estou com muito medo, porque, provavelmente, não vou ser capaz de cantar no último dia”, corrobora Gonçalo Salgueiro. É assim o estado de espírito dos intérpretes das duas incontornáveis personagens de «Jesus Cristo Superstar», a poucos dias de o musical de Filipe La Féria ir a cena pela última vez no Teatro Rivoli. Em entrevista ao AUDIÊNCIA, feita, à hora do lanche, no El Corte Inglés, Pedro Bargado (Judas) e Gonçalo Salgueiro (Jesus) admitem mesmo já estar a sofrer por antecipação, vítimas de uma ansiedade que lhes é comum mas que se manifesta de maneira diferente. Se Judas, vulgo, Pedro Bargado já está “farto de chorar”, Jesus de Nazaré, ou melhor, Gonçalo Salgueiros tem mesmo “medo de não conseguir cantar no último dia” do espectáculo no Rivoli. Fadista, sportinguista e devoto de Nossa Senhora de Fátima, Gonçalo Salgueiro dá graças por ter dito «sim» ao desafio que Filipe La Féria lhe fez, enquanto Pedro Bargado, benfiquista, cantor e compositor, com os mesmos 29 anos, já tem “saudades” de um espectáculo “tão bom como o de Londres e, se calhar, melhor do que o de Nova Iorque”, palco da estreia mundial, em 1973.

AUDIÊNCIA – Com que sentimento chegam ao fim de «Jesus Cristo Superstar»?

PEDRO BARGADO – O espectáculo ainda não acabou e já estou farto de chorar. Tenho uma coisa comigo: sofro antes de as coisas acontecerem.

A – Já tem saudades?

PB – Já. Mas sempre fui assim. Quando fiz o ‘Canções da Nossa Vida’, para a televisão, prometi a mim mesmo que não ia chorar, mas, no último dia, foi mais forte do que eu. O Diogo Infante disse-me uma coisa que nunca mais esqueci: ‘Isto ainda agora está a começar para ti’. O programa funcionou como uma espécie de biblioteca para mim. Aprendi muito. Já conhecia muita música, mas o ‘Canções da Nossa Vida’ fez-me gostar de outros géneros de música. Portanto, quando o ‘Jesus Cristo Superstar’ chegar ao fim, já sei o que vai acontecer: vou ficar completamente de rastos. As chatices e os amuos são reacções que, para mim, só fazem sentido na hora em que acontecem, porque vivo muito as coisas. Mas tudo passa.

GONÇALO SALGUEIRO – Tenho tentado não pensar no último dia do espectáculo, porque tenho uma característica em comum com o Pedro Bargado: sou muito sensível. Mas já me apercebi que ele exterioriza as coisas de uma forma e eu de outra. Eu, normalmente, interiorizo. Nos últimos dias de ‘Jesus Cristo Superstar’, tenho pensado não tanto no espectáculo em si, mas, acima de tudo, nas pessoas que vou deixar para trás. Porque, em Lisboa, será um novo espectáculo, com novas almas. E eu acho que o espectáculo é sobretudo feito de almas. Por mais talento e melhor voz que se tenha, é a alma que faz a diferença. E há muitas almas que não vão para Lisboa e isso dói-me. Conheci pessoas extraordinárias no Porto. Passámos por muitas dificuldades e sofremos muito para fazer um dos melhores espectáculos que já vi até hoje em Portugal – e digo-o sem a menor das modéstias —, com um dos melhores elencos que já vi. As pessoas do Norte têm, de facto, uma qualidade extraordinária. Acima de tudo, têm uma qualidade humana como poucas vezes se encontra no teatro. Trabalhei mais de dois anos no Casino do Estoril e também fiz muitos amigos, como a Rita Guerra, por exemplo, mas, em ‘Jesus Cristo Superstar’, tudo tem sido diferente. Parece que nos tornamos numa família. E ir para Lisboa sem metade da família dói. Estou mesmo com muito medo, porque, provavelmente, não vou ser capaz de cantar no último dia. PB – Logicamente, o espectáculo é o mesmo, mas as pessoas também ajudam a fazer os espectáculos. ‘Jesus Cristo Superstar’ foi criado no Porto, em conjunto, ao fim de muitos e muitos ensaios, e, em Lisboa, não será nunca a mesa coisa, porque nem todos vão para baixo. Vai perder-se alguma coisa pelo caminho. O espectáculo pode ter maior ou menor sucesso, mas, do ponto de vista dos actores, vai ser sempre diferente. É o mesmo que um teclista sair de uma banda e chegar outro: vai, com toda a certeza, tocar a mesma música, mas a intensidade numa ou outra nota dada pelo antecessor será diferente. Porque todos somos diferentes. O problema é que os fãs já estavam habituados a uma certa sonoridade. O mesmo acontece com ‘Jesus Cristo Superstar’: vai ser o mesmo espectáculo, mas com outra bola.

A – No Porto, melhor era impossível?

PB – Sinceramente, não pensei em nada que tivesse a ver com o sucesso, ou o insucesso do espectáculo no Porto. Pensei apenas em dar o meu melhor todos os dias. Sem excepção. Cheguei mesmo a chatear-me num ensaio, a poucos dias da estreia, com os meus colegas, que ficaram aborrecidos comigo porque disse que queria silêncio. A minha única preocupação foi dar o melhor em cada espectáculo. E porquê? Porque quem for ver vai gostar do que viu e vai dizer em casa, aos amigos e no emprego. E mais: eu, quando pago bilhete para ir ver um espectáculo, estou à espera que os actores dêem o melhor que sabem e podem. Se assim não for, dá vontade de sair da sala. Os espectadores que enchem todos os dias o Rivoli merecem o meu melhor todos os dias. Se estiver uma sala cheia, mas ninguém estiver a gostar, à excepção de um espectador, a minha obrigação é dar o meu melhor para quem está a gostar.

GS – Em relação ao sucesso da peça no Porto, nunca tive dúvidas. Mas tive dúvidas de outra natureza.

A – Quais?

GS – Entrei no barco a meio, mas, assim que vi os actores a ensaiar, fiquei com a certeza de que era impossível fazer melhor. O meu maior receio foi saber se eu estaria à altura.

A – Por insegurança?

GS – Não. Por, infelizmente, haver um preconceito em Lisboa em relação à aceitação do público do Porto. Sempre estive consciente de que o espectáculo ia resultar, mas nunca pensei que tivesse quatro meses de casa cheia, principalmente em Agosto, mês em que o Teatro Rivoli nunca esteve aberto. Quem gosta e quem não gosta de Filipe Lá Féria gostou de ‘Jesus Cristo Superstar’. E isso diz tudo. Para mim, o maior triunfo foi saber que houve espectadores que não gostam de Filipe La Féria que ficaram rendidos ao que viram. Houve pessoas que me escreveram a dizer que a sua vida tinha mudado com ‘Jesus Cristo Superstar’. Uma menina de oito anos, que ficou a saber que eu faço colecção de terços, juntou o dinheiro da mesada para me oferecer um terço, com o qual ando. As pessoas que vão ver ‘Jesus Cristo Superstar’ saem do espectáculo próximas de nós. Nos meus espectáculos, as pessoas também vêm ter comigo, mas, no Porto, assisti a extraordinárias manifestações de carinho. Nunca vi tanto amor e tanta dedicação, direccionados não apenas a mim, mas a todos os actores que fazem parte do elenco. Fiz ‘Amália’ com Filipe La Féria durante um ano e as pessoas também adoraram. Mas acho que não importava quem estivesse em palco. A personagem de Amália era tudo. Em ‘Jesus Cristo Superstar’, é diferente. Aliás, para mim, o papel principal não é o de Jesus de Nazaré, mas o de Judas Iscariotes. Foi a primeira coisa que disse ao Pedro Bargado quando o conheci. Quanto ao Porto, não tenho palavras para agradecer as manifestações de carinho e de amor de que tenho sido objecto. E quem diz eu diz qualquer um dos outros actores. Já fui às compras com o Pedro Bargado e as pessoas vêm ter connosco, pedem autógrafos, fazem perguntas. Já assinei talões de metro, de supermercado, testas… Já tive mesmo pessoas que se agarraram a mim a chorar no supermercado. A fadista Fernanda Maria, antes de eu entrar no espectáculo, disse-me que o público do Porto era o mais difícil do País, por ser o mais autêntico. Quando gostam, dão tudo; quando não gostam, atiram com as cadeiras. O que só fez aumentar a minha ansiedade. Não sabia se era capaz de interpretar o papel que me estava destinado. Era uma coisa que estava completamente longe dos meus horizontes. Para piorar as coisas, e não quero estar a trocar galhardetes com o Pedro Bargado, tive oportunidade de ouvir das melhores vozes que ouvi em toda a minha vida – e eu gosto de música clássica e estou habituado a ouvir boas vozes. Tem uma voz privilegiadíssima e uma presença extraordinária em palco. As mulheres ficam loucas… Ou seja, é preciso muita coragem para estar ao pé do Pedro Bargado em palco. Já tinha feito ‘Amália’ e ‘Egoísta’, mas estou, acima de tudo, habituado a fazer espectáculos a solo. De um momento para o outro, vejo-me ao lado de actores com um talento incrível e à frente de um público muito exigente. Para mim, a representação foi o maior desafio do espectáculo ‘Jesus Cristo Superstar’. Tive duas horas para aceitar o convite.

A – Ainda hesitou?

GS – Não. Fui, pura e simplesmente, encostado contra a parede. Não estava à espera do convite e não sabia o que havia de fazer à minha vida. Não sabia o que me esperava. Aliás, a única coisa que conhecia da peça era a música da Madalena, porque me lembrava de ouvir a minha mãe cantá-la. É, de facto, uma música muito bonita e, para mim, a mais bonita da peça, porque eu gosto das coisas tristes, que falam ao coração. Quando entrei pela primeira vez no Rivoli, fiquei ainda com mais medo, ao ver os actores a fazer coisas quase sobrehumanas. De repente, dou por mim a ser maltratado, a ter quedas aparatosas no palco, que me estão a deixar todo marcado, a ser chicoteado, na cara, nas mãos, nos olhos… O mais difícil, para mim, são as últimas frases e a minha última cena depois do enforcamento de Judas, quando não tenho nada para cantar. Ao contrário de, por exemplo, o Pedro Bargado, que é um actor extraordinário, a minha dificuldade é controlar-me para não me deixar levar pelas emoções, perder a personagem e passar a ser eu. Porque, na verdade, muitas vezes fico assustado com o que se está a passar à minha volta. Mas não posso ser o Gonçalo Salgueiro. Tenho de ser apenas Jesus de Nazaré. É terrível. Tenho de manter sempre uma certa sobriedade, quando tudo o que se passa à minha volta é assustador. Aliás, estou farto de ser chamado à atenção, mas não consigo não chorar quando, na peça, tenho de dizer: ‘Onde está a minha mãe?‘. Choro sempre. Não consigo evitar. Muitas vezes, ainda antes de proferir as palavras finais, já o público está a chorar e a soluçar. É inevitável. Só Deus sabe, por vezes, como chego ao fim do espectáculo, que é de uma intensidade tremenda. Aliás, já me aconteceu desfalecer no fim. Como também já aconteceu ao Pedro Bargado. E já me aconteceu ter ataques de choro e não conseguir libertar-me do que se tinha passado em palco. É um espectáculo muito forte e é natural que quem está do outro lado também fique assim.

PB – Os dois papéis mais difíceis são, de facto, o de Judas e o de Jesus. O meu é uma espécie de montanha-russa que tem de se fazer sem ir muito alto, nem muito baixo, mas o de Jesus também não é nada fácil, porque tem de se manter um registo a direito e não ter altos e baixos. Desengane-se quem ache que é fácil. Se calhar, é mais difícil manter uma linha de serenidade e de controlo do que ter altos e baixos, como se vê, por exemplo, num Rui de Carvalho.

Adorava fazer revista e cinema

A – É verdade que já compôs para Pedro Abrunhosa?

PB – Tenho músicas em novelas e a sonoplastia de todas as peças que fiz no Pequeno Palco, mas nunca compus para Pedro Abrunhosa.

A – Não gosta de Pedro Abrunhosa?

PB – Gosto. Ou melhor, não gosto muito como cantor. Agora, as músicas são fantásticas.

GS – Adorava que Pedro Abrunhosa fizesse uma música para mim. Tem um talento imenso. E a inteligência de não ter a pretensão de ser cantor. Pedro Abrunhosa vem na linha dos cantores franceses dos anos 60, que eram ‘dizers’ e não cantores de fogo-de-artifício. E tem outra vantagem: escreve para ele. É um cantor cujo mérito e trabalho aprecio.

A – Mais do que Marisa?

GS – Eu sou amigo da Marisa, o que é uma coisa diferente. Conheço- a há muitos anos. Começou ao mesmo tempo do que eu. Mas ela pegou fogo, explodiu e lá foi pelo Mundo fora, como vão alguns dos fadistas portugueses. A única diferença estará na estratégia, bem definida, ou não estivesse nomeada para um ‘Grammy’.

A – Vai voltar ao fado?

GS – Nunca saí do fado. Já tenho dois concertos marcados para Novembro, no Casino do Estoril e da Figueira da Foz.

A – E o teatro?

GS – Já tive convites para fazer filmes, num dos quais tinha de interpretar o papel de anjo. Sinceramente, depois de ter feito Jesus de Nazaré, sinto-me preparado para fazer qualquer papel, por mais difícil que seja — e são-no com toda a certeza. Para já, trabalhar com Filipe La Féria é como ir à tropa. Ou pior. Exige dos actores aquilo que ninguém exige. Mas os resultados estão à vista. Por vezes, nem percebemos por que exige tanto, mas, depois de vir falar connosco, entendemos o que quer. Sabe como levar os actores. Vê as dificuldades de cada um e consegue levá-los ao ponto. Agora, nunca vou deixar de cantar fado. Fazer outras coisas? Mas sempre fiz outras coisas, nomeadamente outros géneros de música. Estou aberto a tudo o que seja arte e que seja bom. Por exemplo, adorava fazer revista e cinema. Mas já não sei se teria tarimba para fazer novelas, porque, pelos vistos, entra-se no estúdio às sete da minha e sai-se às duas do outro dia.

PB – No teatro, nem sempre é a traço grosso, mas, quando é, não pode cair na caricatura, nem no ridículo. A coisa tem sempre de ser verdadeira. Em televisão – e ainda mais em cinema –, é tudo feito de pormenores. Um sorriso mais expansivo pode levar o telespectador a pensar que o actor é um canastrão. Com muito facilidade. Enquanto no teatro é bola de fogo lá para fora, em televisão, é a mesma coisa, mas contido. É tudo natural, mas em pequeno. Difícil é mesmo ser bom em televisão e em teatro. Aliás, quem o for, é realmente bom actor. O que é raro. A Júlia Roberts, por exemplo, foi fazer uma peça de teatro e foi vaiada. Quando estou a fazer teatro, nunca quero microfone, porque gosto de projectar a voz. O espectador que está na última fila tem de me ouvir. E ver. São mundos diferentes, mas quer um, quer outro, são estimulantes.

A – De qual gosta mais?

PB – Gosto mais de fazer teatro.

Não quero sonhar

A – O talento chega para se atingir a notoriedade que os actores de «Jesus Cristo Superstar» hoje já têm?

GS – Nem sempre se singra por causa do talento. O trabalho e a inteligência são essenciais. Ou seja: quando existe muito talento e pouca inteligência, é difícil. O melhor é aliar as duas coisas. É importante a formação, mas uma das maiores artistas portuguesas de todos os tempos não sei se acabou a 4.ª classe. Foi Amália quem abriu as portas à música portuguesa e a levou aos quatro cantos do Mundo. Ia para estúdio sem saber as letras. Como diz o Pedro Bargado, a Amália vivia realmente as coisas. Nunca planeava um espectáculo. Portanto, o talento tem de vir acompanhado de inteligência. Uma Amália, uma Edit Piaf, ou uma Fitzerald são de combustão. Aparecem muito poucas em cada século. Claro que depende sempre do que se está a fazer. O fado, por exemplo, é altamente livre na sua concepção. Peço desculpa, mas também se vê muita gente a fazer coisas sem talento. Trabalham muito, chegam a certos patamares, mas não cantam afinadas, não sabem cantar português e não sabem representar. E eu sou muito exigente. Antes de ser fadista, ou actor, sou público. Há muita gente que goza comigo porque, mesmo quando não estou a actuar, vou ver os espectáculos de ‘Jesus Cristo Superstar’. E porquê? Porque, para mim, é importante saber o que está o público a ver e a sentir.

A – E faz autocrítica?

GS – Eu sou o meu pior crítico. Sou quase autodestrutivo.

A – Não é Filipe La Féria?

GS – Não. Isso é um mito. Filipe La Féria tem sido extraordinário para mim. Sempre que fala comigo, é de um carinho e de uma ternura inexcedíveis. Portanto, para mim, é também importante perceber o que se passa fora do palco. Aliás, como disse o Pedro Bargado — e muito bem —, quem paga bilhete está à espera de ver o melhor. Quando vou ver um espectáculo, também estou à espera de ver o melhor. Os actores de ‘Jesus Cristo Superstar’ também têm de dar sempre o melhor. Logicamente, do ponto de vista humano, é impossível estar sempre bem, mas o público não se pode aperceber. É claro que há pessoas que enchem estádios, como a Britney Spears, que não conseguem cantar afinadas fora do estúdio. Mas, se não existe talento, existe uma máquina. É mais uma constatação do mundo em que se vive. É aquilo que costumo chamar de mais um caso McDonald’s. Hoje, é-se consumido, mas, amanhã, já não interessa para nada. Agora, quando existe talento e passa para o outro lado, toca o coração das pessoas e já não sai. É o truque que faz de Amália e de Piaff, por exemplo, imortais. Ou de Callas e Sinatra. Passaram para dentro de nós e cá vão continuar. Não é por acaso que Amália e Callas são das artistas que mais vendem no Mundo. Mas já morreram: uma há 30 anos e outra há quase 10. Se hoje alguém canta fado no estrangeiro, à mulher que vendia limões no cais também o deve.

A – O teatro também já tem «fast food»?

PB — Também. Mas falar de colegas é muito difícil. Porque há sempre o risco de sermos mal interpretados. Por exemplo, os ‘Morangos com Açúcar’…

A – …Em que também participou.

PB – Participei em apenas dois episódios. E porque precisava. Para comer. Fiz um dia uma cena em que se dá uma explosão na escola, vem a caracterização, suja-me as mãos e a cara e eu pergunto se, numa explosão, a roupa também não é atingida. Disseram logo que não podiam estar a sujar o fato.

GS – Quando aparecem as Operações isto, as Chuvas de Estrelas e as Academias não sei do quê, as pessoas são expostas de uma forma tremenda por três ou quatro meses, ganham, são ídolos em Portugal, mas, hoje, já ninguém sabe onde estão. Ou seja, criam falsas esperanças nas pessoas. Há que ter respeito pelas pessoas, a quem lhes é prometido contratos e mais contratos. Portugal tem mercado para três ou quatro e não para 20 ou 30. Fazem estes concursos para se alimentarem da imagem das pessoas, algumas com imenso talento, prometem- lhes mundos e fundos e acabam por as destruir. PB – Destroem-lhes tudo: os sonhos e a auto-estima. Algumas conseguem passar por cima, mas outras continuam a viver o sonho. Quem quer ser cantor no meio musical sofre. E sofre bem. Tem de penar muito e não vai ser um concurso de televisão que o vai levar a ser artista, ou a gravar um disco. O talento, o empenho e a dedicação são decisivos. E acreditar no que estão a fazer. Quando se acredita no que se está a fazer, tem de se ir em frente. Mas sem pisar em ninguém. Até posso gravar um mau disco, mas, ao menos, concretizei o meu sonho. Se não fui mais longe, foi porque realmente não tinha talento. E, aí, tenho de ser inteligente para desistir e sair. A Madonna, por exemplo, não tem uma grande voz, mas foi inteligente na forma como construiu a carreira.

A – Também tem sonhos?

PB – Quero apenas trabalhar. Cantar e representar. Não quero sonhar, porque também já tive as minhas desilusões.

A – Desiludiu-se com quê?

PB – Desiludiu-me quando comecei a cantar. O que todos querem quando começam a cantar é gravar um disco. E, quando as coisas não acontecem, desmoraliza- se.

A – Tinha jeito para cantar?

PB – Tinha. Sinceramente. Cheguei a ir ao ‘Chuva de Estrelas’, numa altura em que este tipo de programas ainda era sério.

A – E já não pensa gravar um disco?

PB – Quando tiver que ser, será. Tenho feito as minhas músicas e trabalhado no que gosto de fazer, que é compor, representar e cantar. Quando as coisas tiverem de acontecer, vão acontecer. Para já, tem de ser uma coisa com a qual me identifique verdadeiramente. Não quero fazer por fazer. O disco tem de ser a minha cara e uma extensão de mim.