Um fadista...
Um amigo...
Uma voz que nos espanta de tanto talento e emoção... Uma voz que dá cor aos sentidos...
Um "grito" que desperta as nossas vidas...

BRAVO GONÇALO SALGUEIRO!



quinta-feira, 15 de julho de 2010

Da Raquel para o nosso Blogue...

"A emoção era muita para voltarmos a ver o nosso querido fadista ao vivo. Pois tanto eu como a Ni não o víamos desde Fevereiro de 2009. Foi tempo demais na verdade.
Fomos o caminho todo a tentar imaginar como seria o espectáculo, que fados iria o Gonçalo cantar, quando apareceria em palco…
Eis que finalmente e com um pequeno atraso começa a peça e a descrição que vou fazer é apenas a forma como senti o espectáculo.
Depois de um quadro com actores e cantores a circularem entre o público, numa espécie de revista, vem o primeiro quadro em que entra a grande Alexandra numa forma que não poderia fazer mais sentido, com “Fado Português” de José Régio.
Ouve-se então na voz da diva:


O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


E quem era o marinheiro? Iluminado com uma luz que realçava os seus olhos azuis estava o Gonçalo na proa de um veleiro que continuou com o poema na sua voz de anjo:


Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.


Claro que depois do dueto em Amália “mourrir por toi”, este dueto arrancou logo de nós vivos bravahs e uma ovação de palmas.
Então o nosso querido fadista continuou com um arranjo do poema da “Mensagem” de Fernando Pessoa.

Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal…

Uma versão escrita para ele, pois quem mais poderia conseguir aqueles falsetes, aqueles agudos ou aquela extensão de voz.
Um misto de “Jesus Cristo Superstar”, “Sombra do nada” com um toque de fado. Gonçalo no seu esplendor, tanto doce e de uma serenidade desarmante, como forte e arrojado, surpreendeu-nos a nós, ao público e surpreenderá de certeza quem quer que o vá assistir a este espectáculo.
O espectáculo continuou e para nós era tudo novo.
Eis que entre quadros maravilhosos, com vozes e bailarinos fantásticos, voltamos a ver o Gonçalo desta vez na pele do rei Dom Carlos, rei pintor, e mais tarde num fado com letra original Filipe La Feria, que não se poderia identificar mais com ele e com a forma como canta e sente o fado. “Nasço e morro em cada fado que canto”. Simplesmente sublime na sua interpretação:

Nasço e morro em cada fado que canto
E a minha voz é grito espasmo e pranto
Lágrima, sorriso, ternura, amor
Canto o dia, a ironia, a dor
A morte, a tristeza, a solidão
A alma e o sonho, ai o coração.
Quando um homem se levanta para cantar
E no seu corpo a terra a luz e o mar
E a sua voz é a voz de um povo inteiro
Poeta, sonhador e marinheiro
Vagabundo, pecador e santo
Nasço e morro em cada fado que canto.

Um fado dedicado a Fernando Maurício trouxe de novo Gonçalo ao palco para mais tarde voltar, num momento lindíssimo entre ele e a jovem Liana. Juntos cantavam emocionados o fado de Coimbra “Samaritana” e arrancavam suspiros do público. Mais emocionado se encontrava também o nosso Gonçalo, pois nesse momento reviveu um pouco da sua personagem de Jesus que tanto lhe deu.

Samaritana, Plebeia de Sicar,
Alguém espreitando te viu Jesus beijar
De tarde quando foste encontrá-Lo só,
Morto de sede junto à fonte de Jacob.

Escusado será dizer que cada vez que o nosso querido fadista subia ao palco e quando se retirava não conseguíamos deixar de manifestar a nossa admiração e orgulho de o ver lá em cima. Acho que não passámos despercebidas, pois não conseguíamos conter o nosso entusiasmo.
Foi todo um espectáculo incrível, com actores/cantores/fadistas, bailarinos, músicos e restante equipa fabulosa.
Alexandra, Gonçalo Salgueiro, Henrique Feist, Liana, Luís Matos, Inês Santos, Paula Sá, Elsa Casanova, Luís Caeiro, Flávio Gil e Jorge Silva e restante elenco subiram ao palco para o quadro final e não houve quem não se levantasse para aplaudir e homenagear os artistas em palco.
“És lindoooo!” fez-nos notar do palco e do público e com isto e com os nossos sorrisos de orelha a orelha recebemos do palco um beijo do nosso Gonçalo e rasgados sorrisos que por si só valeram toda a nossa viagem. A felicidade estava-lhe estampada no rosto o que me faz desejar que este espectáculo de La Feria continue em cena por muito tempo e que continue com o companheirismo entre colegas como tem tido e com o sucesso que apenas agora começou.
O génio por trás deste projecto ainda subiu ao palco para proferir um discurso do qual saliento algumas palavras, as quais assino por baixo: “Viva o Fado, Viva o Teatro viva Portugal, Viva a Alexandra, Viva o Gonçalo, Viva o Henrique e restante equipa.”
Os meus parabéns a todos os que fazem parte desta equipa porque merecem e claro um beijo muito, muito “especila” ao Gonçalo por mais uma vez conseguir surpreender-nos e emocionar-nos.
Saímos do espectáculo de alma cheia, com um brilhozinho nos olhos e a conter umas lágrimas que teimavam a querer cair. É uma coisa que não se explica, sente-se e guarda-se para nós.
Obrigada Gonçalo pelo tempo que tiveste para nós no final, mesmo antes de tirar a maquilhagem, conseguiste arranjar um bocadinho para nos brindares com o teu sorriso, os teus abraços e o teu carinho.
Adoramos-te!
Parabéns!


Obrigada Ni por partilhares esta aventura comigo e também a ti Dina, obrigada por, como sempre, seres a poderosa que nos leva a todo lado e estás sempre disponível. Adoro-vos!"



Raquel


(Obrigada Raki por estas palavras tão lindas e emocionantes!)



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