Gonçalo Salgueiro em São Bartolomeu de Messines
"O espectáculo começou com a actuação de um projecto excelente denominado Sons do Tejo, o qual já tinha estado no Estoril, é de rever!
Depois entra então o Gonçalo e do silêncio fez o seu “grito”. O burburinho habitual deu lugar a um silêncio colossal que caiu sobre a sala. Tudo ficou boquiaberto perante a voz de um anjo que começou a entoar as primeiras notas.
Logo nas primeiras frases Gonçalo conseguiu arrepiar as pessoas que lá se encontravam e deixou cair por terra qualquer dúvida de se valeria ou não a pena ter saído de casa nessa noite.
A sala, apesar de escura, (como deve ser para se ouvir e cantar o fado) e apesar de o Gonçalo se apresentar todo vestido de preto, a luz que vinha de si, do seu olhar, da sua expressão sentida iluminava todos os presentes …a sua alma enchia a sala e tocava cada um de nós tão docemente como se nos conhecesse a todos e a todos quisesse falar.
"eu já não estava em mim, era a primeira vez que o via e ouvia cantar fado..." (Ni)
Logo na final do primeiro fado, o público ficou rendido com a sua interpretação arrebatadora e sublime dum tema tão forte e como o próprio confessa, o caracteriza - onde quer que vá não pode deixar de o cantar - O grito. Do público veio então a primeira ovação, uma chuva de aplausos e de bravos (bravahhhs) que eram impossíveis de conter, principalmente os da primeira fila onde nos encontrávamos nós.
Meia noite e uma guitarra veio logo a seguir e com ela começaram os pezinhos a mexer e as mãos que não se continham e batiam palmas para acompanhar a voz e as guitarras. Esta alegria foi crescendo ao longo da música e ao longo da noite. Num ambiente muito intimista e familiar, a noite foi-se desenrolando ao som da voz perfeita e divina do nosso fadista, que tem o poder de criar um uma empatia incrível com o público.
As pessoas foram-se libertando com fados como “Penso em ti”, “Fado da defesa”, “Rosa de fogo”, Voz do escuro”, “Que Deus me perdoe”, e “Ai Maria”… todos eles brilhantemente interpretados.
Todos se iam contagiando e não havia fado que no fim não tivesse direito a um mar de palmas, mas houve dois momentos que nos marcaram particularmente nesta noite, que apesar de diferentes foram igualmente mágicos,
"um fazendo-me vir as lágrimas aos olhos e o outro arrancando de mim risos e sorrisos contidos" (Raquel)
"os sorrisos de alegria valiam pelo momento mágico que ali estava a viver..."(Ni)
Um deles foi quando chegou a altura em que do palco Gonçalo faz um agradecimento especial às amigas que se deslocaram especialmente do Porto para o ver e aí dedicou-nos o fado “Carências de ti”.
"Já me havia apaixonado por este fado no casino Estoril" (Raquel)
Bem, 600km, 1200 km, meio mundo por aquele momento… nunca pensámos algum dia vivê-lo. Morremos uma, duas e três vezes, mas tínhamos que voltar para não perder nada... A Dina e a Susana ainda tiveram paciência para nos aturar durante a viagem com discos pedidos: os fadinhos do Gonçalo... (risos). Um grande obrigado às duas. Foram fantásticas!
Até ao fim daquele fado parecia que o coração não batia…olhávamos cada pormenor, cada gesto, cada movimento…queríamos absorver tudo. Cada palavra que saía da sua boca era saboreada e guardada bem juntinho ao coração. Um poema lindíssimo de Maria Lourdes de Carvalho e para nós muito querido, mas que na voz sublime e sentida do Gonçalo ganhou vida própria e correu pela sala, ecoando em todos os seus cantos e recantos, voltando para nós como beijos doces. Nada naquele momento se poderia igualar ao brilho dos nossos olhos...
Foi enternecedora a forma como o cantou e, ainda por cima, ficou registado não só na nossa memória e coração, mas também em vídeo. Obrigada Gonçalo!
Depois veio outro momento de eleição. Uma interpretação arrojada d’ “Tendinha”, que na voz e expressão corporal do Gonçalo torna-se um momento único e inigualável. Ele vai buscar dentro de si uma energia, uma garra e uma boa disposição que faz sorrir o público. Ele cantava, mexia-se sorria e divertia-se, divertia-se muito! Contagiou todos os presentes e tornou-se impossível ficar quieto e calado com tanta entrega. Adorámos…ainda temos esta imagem na nossa cabeça…
Finalizou a sua actuação a cantar o “Cheira bem cheira a lisboa” no meio do público. Era ver quem mais cantava e quem mais desafinava (risos)… Mais uma vez ninguém conseguiu ficar indiferente e respondiam à energia que o Gonçalo emanava do palco.
No entanto, o público não o deixou ficar por ali, não o deixou ir embora sem antes cantar mais um fadinho. Só se ouvia “acabou, já?”, “ohhhh”, “só mais uma”… Aí brindou-nos com o “Canto o fado” novamente acompanhado pelo público.
No fim, Gonçalo não podia ter sido mais carinhoso, humilde e generoso, algo a que nos sempre habituou. Tirou fotos, deu beijos e abraços e teve paciência para as nossas maluqueiras. Foi amoroso e muito disponível como sempre…ouviu as nossas palavras e fez questão de agradecer imenso a nossa ida… nós é que agradecemos, do fundo do coração!
Queremos agradecer também ao nosso amigo Jorge pelo carinho demonstrado e por ter estado connosco e partilhado estes momentos únicos para cada um de nós...
Passou tudo tão rápido….queríamos mais. Foram 12 temas, mas ainda assim foi pouco! Ficávamos ali a noite toda a ouvi-lo cantar e a cantar também...
Foram momentos que esperamos que se repitam…
Obrigada maninha... (Ni)
“infelizes aqueles que não vivem momentos destes na vida e que não vibram com nada!”(Ni)
Não se consegue ficar indiferente perante tanto talento, tanto sentimento desta voz com alma…toda esta emoção toca todos e cada um de nós vai alimentando os sonhos, as esperânças de uma forma única que é o fado... Depois fica o vazio e a saudade no regresso a casa …mas nada que não se cure com a intenção de o voltar a ver e ouvir e nos preparativos para a próxima vez! Sim, haverá próxima vez com certeza e não será apenas uma...
Gonçalo, todo o nosso carinho e admiração… até ao fim!
Obrigada por estes momentos inesquecíveis..."
Raquel e Ni
Cristina
2 comentários:
Ni está fantástica a escolha das fotos, adoeir e revivi os momentos que lá se viveram em cada uma
delas.
Só que ve Gonçlao SAlgueiro ao vivo a cantar o fado, pode compreender toda atua dedicação a fazer este blog, toda a dedicação das pessoas que o vão ver, nem que tenham que percorrer 600 km ou mais.
Foi mais umdia que vou guradar com um carinhoq ue em inunda a alma, não só pela forma eocionada e extraordinária com que cantou e nos contagiou atodos, mas também com toda a simpatia e humilade com que nos rcebeu no fim do espectáculo.
Plavras para quê?
É fado, é alma, é o nosso Gonçlao Salgueiro.
Beijinho para o Gonçalo e para ti Ni!
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